Com ScoutBio: Curso de Biologia de Morcegos

Os morcegos são o tipo de animal que se ama, ou se "odeia" no mundo da Biologia. Enquanto algumas espécies são extremamente desejadas e divulgadas como amigas da população por seu trabalho impecável com dispersão de sementes e polinização, outras desenvolveram um número de população e postura perante ao desenvolvimento humano à nível de serem consideradas pragas e vetores de doenças como a raiva, sendo esse o caso do tão famoso morcego-vampiro.

Durante os dias 7 e 8 de julho, estive em acampamento aos pés da Reserva Biológica do Tinguá com uma turma de estudantes de biologia para aprender sobre a vida dos mamíferos da ordem Chiroptera. O curso, denominado Biologia de Morcegos, foi ministrado pelo professor Rodrigo, biólogo experiente na área por trinta anos. Realizado pela APBIO (Associação de Proteção à Biodiversidade) com o apoio de uma equipe técnica extremamente disposta e motivada, já devo adiantar o quanto me senti bem durante o fim de semana com todos os responsáveis.

Crânio de morcego carnívoro
Voltando aos bichos, durante uma palestra que apresentava toda a parte teórica do curso, aprendemos sobre o mecanismo evolutivo do grupo, bem como sua importância ecológica e interferências causadas pelo homem que vieram a descontrolar ou diminuir o número de indivíduos. Assuntos como controle das espécies praga, a relação com doenças como raiva e histoplasmose e a variedade de famílias, gêneros e espécies foram detalhadamente contadas e destrinchadas com o apoio de anos de experiência e inúmeros episódios interessantes da vida do professor em contato com estes animais.

Para dar um pequeno tira gosto do que a palestra teve para apresentar, um tema bastante discutido estava relacionado com os mitos envolvendo os morcegos, mas principalmente, o que direcionava-se aos hematófagos (que alimentam-se somente de sangue); Você sabia, que de aproximadamente 1000 espécies de morcego espalhadas pelo mundo, apenas 3 delas dependem exclusivamente de sangue? E ainda mais, que dessas três, duas alimentam-se de sangue de aves e apenas uma é conhecida por ataque a humanos (quando não haviam outras ofertas de alimento)? Sim, é um número pasmo considerando a popularidade que este animal ganhou ao longo dos anos e a quantidade de mitos que vieram logo atrás.

Um exemplo é a afirmação de que morcegos são ratos que ficaram velhos e, ao entrar em um casulo, saem como os conhecemos - uma afirmação passada de geração para geração com uma quantidade de relação científica extremamente baixa ou inexistente. Apesar do nome vir do latim mure cecus, "rato cego", a também crença popular de que todos estes animais possuem uma visão extremamente ínfima não passa de um simples engano, já que dependendo do mecanismo evolutivo da espécie, a relação audição-visão estão ligadas - por exemplo, uma espécie com audição extremamente bem desenvolvida apresentará uma visão mais simples pelo desuso das partes, assim como o contrário pode ocorrer com outras espécies que enxergam extremamente bem.


A relação destes animais com o vírus da raiva também foi um tema de grande detalhamento. Para trabalhar com quirópteros, um profissional deve estar sempre de acordo com a vacinação contra a doença, e mesmo após sofrer um acidente envolvendo mordidas, exames imunológicos devem ser realizados para a confirmação relacionada à necessidade ou não de uma dose de soro antirábico. Apesar disso, o nível de risco de se contrair raiva por um morcego ou por um gato de rua é o mesmo, e qualquer profissional que estiver em contato com MAMÍFEROS é direcionado para a realização das medidas preventivas contra o vírus.

Sacos de pano com fabricação específica para o
transporte de morcegos.
Desenvolveu-se uma grande discussão que tinha como centro os morcegos hematófagos. Reservatórios biológicos da raiva e conhecidos pelo aumento populacional desenfreado relacionado à urbanização e agropecuária, o bichinho trouxe muitos prejuízos ao longo dos anos, forcando a comunidade científica a desenvolver estratégicas de controle que visavam proteger ambos os lados da moeda e todos os outros animais envolvidos na cadeia trófica das áreas de ocorrência das espécies. Aproveitando para mais uma desmistificação, os morcegos hematófagos existem APENAS nas américas, o que a desconectava com as lendas medievais relacionadas à vampiros até que a descoberta do continente pelos europeus fosse realizada muitos séculos depois.

Após a amostra de algumas coleções biológicas e a apresentação dos materiais de campo, a turma foi levada para dentro da REBIO - Tinguá, em locais onde a montagem das redes de neblina aparentavam ser mais propícios para a captura de alguns animais.

A partir das cinco horas da tarde, algumas redes passaram a capturar algumas espécies e até as nove horas da noite totalizamos cinco espécies de cerca de onze ou doze indivíduos. Quatro delas eram frugívoras, enquanto uma era nectarívora; apesar das chances propiciadas pelo local, não tivemos a oportunidade de capturar um hematófago. A listagem de animais era a seguinte:
- Artibeus obscurus;
- Artibeus fimbriatus;
- Anoura geoffroyi;
- Sturnira lilium;
- Carollia perspicillata;

As fotos estão na ordem a cima, da esquerda para a direita:



Sendo este meu primeiro momento em campo com outros profissionais da área da biologia, me senti estranhamente em casa. Principalmente durante os momentos de espera entre a caída de um morcego e outro, em que para uma distração, todos os alunos procuravam pelo chão da floresta alguns animais de variados tipos. Neste dia, também tive a possibilidade de manejar pela primeira vez uma serpente. Dentre os animais encontrados neste dia, temos:












Minha foto predileta <3 Sibynomorphus mikanii, conhecida pelo nome popular de jararaquinha-dormideira.
Para uma breve conclusão, gostaria de agradecer imensamente à todos os profissionais envolvidos na realização deste curso, além do carinho e compreensão dos alunos com relação à minha idade e timidez; não esquecendo também de todo o conhecimento compartilhado pelo professor durante o curso. Foi a minha primeira e nem de longe será a última vez em que estarei na mata com vocês. Recomendo totalmente para a comunidade científica a APBIO, uma empresa de grande potencial e amor pela biologia.


Créditos:
Deixo a autoria de 95% das imagens utilizadas nesta postagem para a coletânea de fotos realizada pelos alunos durante o curso, assim como credibilizo toda a equipe da Associação de Proteção à Biodiversidade. Assim como os créditos, também deixo meus agradecimentos.

Comentários

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